terça-feira, setembro 09, 2008

Nosso processo eleitoral/TI no governo

O professor Silvio Meira, da UFPE, mantêm um blog muito interessante
onde está publicando uma série de artigos sobre o processo eleitoral
brasileiro, especialmente sobre a urna eletrônica. Quem quiser
acompanhar pode dar um pulo em
http://smeira.blog.terra.com.br/2008/09/09/eleicoes-sem-conferencia-urna-e-alvo-facil/.
Várias permeabilidades do sistema são mencionadas, uma alerta
importante sobre uma questão crítica para a manutenção da democracia.
O TSE não parece ser muito transparente sobre o processo, tornando a
auditoria por entidades independentes impossível.

Na esfera municipal, foi feita uma denúncia na lista PSL-CE (Projeto
Software Livre - Ceará) de que a secretaria de educação estaria
comprando um software educacional no valor de 300 mil reais, sendo que
somente a plataforma Windows é suportada. A prefeita sempre afirmou
ser a favor do software livre, até mesmo por razões ideológicas. Há
uma contradição nas ações da prefeitura. Alguns comentários na mesma
lista de discussão acrescentaram que não existe uma secretaria de TI
ou órgão similar cuja consulta seja imprescindível no caso de
aquisições de tecnologia e serviços de informação. Ou seja, sem
hierarquia, cada setor pode decidir quais soluções adotar.

Em ambos os casos, a percepção de como a TI deve ser levada em conta é
equivocada, não sendo comum apenas na esfera pública. Algumas pequenas
empresas também cometem o mesmo erro. O erro de achar que as soluções
em informática, uma vez instaladas e configuradas, não precisam de
revisão e manutenção. Soluções são eternas, porque voltar a tocar no
assunto? Em um mundo utópico, poderia ser assim. Na realidade, uma
escola com máquinas Windows necessitam de manutenção, sendo que
sistemas proprietários não possuem suporte eterno. Quando acabam os
períodos de suporte, é necessário comprar uma nova versão, geralmente
tornando o hardware obsoleto e aumentando os custos totais de
propriedade. Um sistema crítico como uma eleição precisa de
atualizações constantes para poder ter um bom nível de segurança, que
nunca será completo, pois não existe código perfeito e nem programador
sem falhas. A cada dois anos, novas técnicas, processos aprimorados e
etc. A abertura do código permite uma supervisão por parte da
sociedade civil, algo importante para a democracia.

TI ajuda, mas não faz mágica. Na sociedade do conhecimento, uma
entidade é tão boa quanto seu departamento de TI. A falta de
compreensão pelos governantes de como a informática deve ser utilizada
na administração é uma barreira para a eficiente do estado e
conseqüentemente o avanço da sociedade. Não sei qual seria a solução,
pois nossa única arma é o voto, sendo que propostas de tecnologia no
horário eleitoral ou de qualquer coisa importante de fato não irá
ocorrer nem tão cedo. Nossas eleições são feitas de belas imagens,
sendo difícil identificar qualquer habilidade administrativa nos
candidatos. Ficamos em um beco sem saída. Talvez quando a coisa piorar
para valer, com fraudes pipocando por aí, alguém pense em fazer alguma
coisa. Infelizmente neste clima, acabam surgindo soluções drásticas,
acabando por prejudicar os mais desafortunados. Fazer o que, isto é
Brasil.


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