domingo, novembro 23, 2008

[The Selfish Gene] The Replicators

Os Replicantes? Não sei dizer se essa seria a tradução correta do título desse capítulo. No clássico Blade Runner, é assim que são chamados aqueles que imitam com perfeição o ser humano. Dizer que houve influência entre os autores seria ingenuidade, mas o uso de termos relacionados a réplica para designar a existência de vida é o tema principal do texto.

Começamos discutindo como, a partir da relativa simplicidade dos átomos e suas relações, algo tão complexo como a vida pode vir a existir. Não sei porque colocar a vida em um patamar tão alto, afinal sistemas estelares são tão complexos quanto e também tem a mesma estrutura unitária básica. Como o cara é biológo, é aceitável. A explicação para a simplicidade/complexidade é a teoria de Darwin, que apesar de ter sido formulada com espécies em mente, se encaixa perfeitamente na explicação do surgimento da vida apresentada. Explicação essa é declaradamente não única, mas foi escolhida por ser simples e conter os mesmos elementos principais de outras teorias (excluindo, lógico, o que não é ciência: criacionismo e design inteligente).

Algo estável seria uma coleção de átomos que perdura suficientemente ou é tão comum que merece um nome. Tentei traduzir literalmente uma definição que já não é boa, mas diz muita coisa se encararmos ela por um tempo. Acho que a maioria oriunda do nosso sistema de educação particular sabe que átomos se atraem e formam moléculas, cristais, etc. Porque a atração? Se me lembro bem, diminuir energia potencial, ficar menos "energético", ou no linguajar bonito, diminuir a entropia. O universo caminha para a diminuição da entropia. Porque? Não sei, mas parece fazer sentido. Então, se você deixar alguns átomos pairando em um lugar, eles vão se unir para diminuir a entropia. Apesar de o universo como um todo diminuir sua entropia, o conceito de maior estabilidade dentro dele depende do contexto. Estabilidade no núcleo do sol é uma coisa, dentro de uma xícara café é outra.

Na Terra, no período diretamente anterior ao surgimento da vida, o contexto determinou que a criação de moléculas orgânicas traria a estabilidade ao átomos. Desta forma, aminoácidos começaram a surgir. Experimentos recentes que simularam o ambiente terráqueo naquela época conseguiram repetir tal síntese. Com o decorrer do tempo, foram surgindo uma grande variedades de moléculas de aminoácidos, que ficaram vadiando pelo mar primitivo. Não havia quem comê-las, logo a existência delas não era ameçada. Vamos considerar os aminoácidos A, B e C. Depois de adquiriem certa estabilidade ao serem criados, descobriram que se unindo poderiam adquirir mais estabilidade ainda. Então firmaram uma parceria, criando uma molécula maior, {[A][B][C]}, porque A era atraído pela direita de B, assim como C tinha uma queda pelo lado esquerdo de C. Unidos e felizes, começaram passear. Com o tempo, outro A apareceu no pedaço. Ele também gosta da direita de B, então deram um jeitinho, mais quartinho, e ficaram {[A,A][B][C}. Ok, felicidade. Mais um pouco depois, um outro C pinta no pedaço. B, que já tinha dado chance a outro A, acolhe também o outro C. {[A,A][B][C,C]}. Isso aí, B tá com fama de sirigaita e vadia, mas estando todo mundo feliz, não há porque se preocupar. Mais aí surge um outro B. Esse outro B, vendo a situação, gostando de A's e C's, mete-se no meio. {[A,A][B,B][C,C]}. Muita gente, não tem como dar certo. O que acontece? Replicação!!!!! {[A][B][C];[A][B][C]}. Isso aí, replicação, Entidades que vagando na lama, começam a fazer cópia de si mesmo. Sem paraíso, possivelmente sem Deus, só química e física. Veja bem, no exemplo, as cópias foram perfeitas. Mas num ambiente com vários aminoácidos, alguns parecidos entre si, não é de espantar que logo surja um D, parecido com o C, e alguém acabe formando um {[A],[B],[D]}.

Com o tempo, vários replicadores foram surgido. Com isso, a quantidade de moléculas dando sopa começou a ficar menor. Somentes  prevaleceram replicadores que se mantinham inteiros tempo o suficiente para se copiarem, que suas cópias eram quase perfeitas e feitas com rapidez. Mesmo entre esses, a coisa começou a ficar acirrada. Uns começaram a "atacar" outros, em buscas de partes menores para criarem cópias. Se tornou uma boa estratégia criar um escudo, uma membrana para se defender. Foram surgido então células, tecidos, organismos inteiros, verdadeiras máquinas de sobrevivência, com o objetivo de proteger os replicadores, fornecendo vantagens para enfrentar o ambiente e outros replicadores. Hoje, replicadores se chamam genes. As máquinas de sobrevivência, nós somos elas.

Triste, reducionista? "Ahhh João Marcelo, sua vida pode ser apenas proteger seus genes, mas eu sou filho de Deus, tenho alma e vou encontrar Jesus!!!". Bem, acredite no que quiser, mas biologicamente somos máquinas de sobrevivência. Determinados exclusivamente pelos genes? Não. A própria escolha de não ter filhos, feita por indivíduos como eu, é uma prova do nosso livre arbítrio. Até agora, somos os únicos seres vivos com autonomia para tal. Não são determinantes, mas longe de serem insignificantes.



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